VOZ QUE CALA. 2012. AsMDF. 70x70cm
MEMORIAL DESCRITIVO
Na leitura
dos poemas de Florbela, ao buscar algo que me tocasse e que visualmente pudesse
transitar no atual imaginário das minhas pinturas – asas, vestidos suspensos em
um espaço que considero um tanto silencioso, e formas de gaiolas abertas –
escolhi “Voz que se cala” que pertence ao livro póstumo da poetisa, Reliquiae.
O poema
fala do sentido de amar a natureza, amar todos os sonhos que se calam, de
sentimentos pelo que é infinito e pequeno e no último soneto diz: “Asa que nos
protege a todos nós! Soluço imenso, eterno, que é a voz do nosso destino!...”
Voz que se cala
Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos o brando tilintar
De cristais que se afogam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
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