Helena N. Salles


CADERNO DE POESIA I. 2012. TMST. 70x120 cm

Triste Destino
Florbela Espanca

 
Quando as Vezes o mar soluça tristemente
A praia abre-lhe os  braços e deixa-o gemer,
Embala-o com amor, de leve, docemente
E canta-lhe cantigas para adormecer.


Quando o outono leva a folha rendilhada.
O vestido real da branda Primavera,
O rio abre-lhe os braços e leva amortalhada
A pequenina folha, essa ideal quimera!


O sol agonizante e quase moribundo,
Estende os braços nus, alegre para o mundo
Que o faz amortalhar em purpura de lenda!


O sol, a folha, o mar, tudo e feliz! Mas eu
Busco a mortalha minha ate no alto do céu!
E nem a cruz para mim tem braços que me estenda!










Nenhum comentário:

Postar um comentário