domingo, 18 de março de 2012

Convite

FALUAS DO TEJO


FALUAS DO TEJO



 

Quando do convite da Ana Terra Galeria de Arte para colaborar na organização dessa mostra vislumbramos duas importantes datas que não poderiam ser olvidadas.

A primeira, para a qual devemos entoar loas, está na persistência – em territórios pouco afeitos à cultura – desta galeria resistir e insistir em se manter como um espaço ativo que abriga um multifacetado universo, oferecendo possibilidades de deleites vários e plurais – as peça de antiquariato abrem caminho para o mais novo design de arte wear, a presença de obras clássicas possibilita diálogos com a produção contemporânea e a troca entre artistas já consolidados e em formação.

Esse perfil, por ser vário, cria conversas por vezes estranhas, por vezes mais fluídas, mas na busca pelo equilíbrio se torna uma constante que a faz se manter sempre ativa neste longo percurso que completa agora trinta anos como um dos marcos nas artes plásticas capixabas.

O segundo motivo esta relacionado com o Ano de Portugal no Brasil e de Brasil em Portugal.

Adiantando-nos aos eventos que por certo virão, pois essa comemoração terá início formal na data maior do Brasil – 07 de setembro – e se encerrará na data nacional de Portugal – 10 de junho de 2013.

O evento ora proposto certamente se constituirá numa forma de contribuir com comemorações que se revestem de grande importância: o momento de se reportar à terra-mãe, de onde herdamos nossa língua, nossa forma de ser, de amar, sofrer e criar... É hora de rever, de refletir sobre as trocas entre esses dois países e quem sabe, redesenhar e reinventar esses laços.

Iniciamos nossa contribuição pelo que nos é mais caro – a cultura , representada aqui pelas artes plásticas e literatura.

O título da mostra vem emprestado do “Madredeus”, grupo português que para além do fado tradicional tem cantado e encantado o mundo com sua forma particular de cantar seu amor por Portugal.

O termo “falua” se refere à uma antiga embarcação de boca aberta mas com popa e proa afiladas , com dois mastros e velas latinas triangulares. Foram usadas inicialmente para recreio dos reis portugueses do século XVIII, e mais tarde se popularizou, transportando pessoas e mercadorias.

O Madredeus canta as saudades que delas ficou, as lembranças de seu delicado balouçar nas marolas do Tejo, e num exercício de liberdade poética, nos apropriamos dessas ondulações como entidade feminina, a seduzir em seus passeios pelo rio. Esse elemento feminino como musa inspiradora real ou abstrata, vai tomar corpo na poesia dos poetas escolhidos como fio condutor para os trabalhos, Florbela Espanca (1894/1930) e Fernando Pessoa (1888/1935), considerados dentre os maiores poetas da língua portuguesa, que num desdobrar de vidas e personalidades criaram em verso e prosa o que foi vivido/sofrido ou sentido/sofrido.

 Essa mostra, em sua maior parte, reflete a produção advinda da UFES. Na área artística com professores e ex-alunos do Centro de Artes e na produção literária com a participação do professor Paulo Roberto Sodré, poeta pesquisador e apaixonado pela Literatura Portuguesa e Renata Bomfim, poetisa, doutoranda em Literatura Portuguesa e uma “florbeliana“ assumida e, como a organização do evento do mês de março nessa galeria, tem sempre como objeto uma exposição dedicada às mulheres, o texto neste catálogo sobre Florbela Espanca, vem, com a permissão de Fernando, ampliar a elas nossas homenagens.

Dado o mote, ficou para os artistas a tarefa prazerosa de mergulhar no universo desses poetas. Como uma música dolente, realizar um mergulho quase sem volta, pois havia aqui a necessidade de permitir encharcar-se do fel e da paixão contidos em tantos versos.

Cada um seduz com o que melhor sabe fazer, o exercício estava em criar uma amálgama entre nossas vivências e fazeres com o cantar apaixonado desses poetas. O exercício estava em inventar caminhos dos quais não temos bem o controle de seu caminhar, nem sabemos ao certo seu terminar. Como bem disse o poeta “viver não é preciso”, por certo fazer e viver na arte também não o é...



Attilio Colnago

Professor do Departamento de Artes Visuais/ CAR/ UFES

“O mundo, amor?..., As nossas bocas juntas!...”:


 “O mundo, amor?..., As nossas bocas juntas!...”:

A epistolografia de Florbela Espanca







Meu marido é oficial de caçadores, e eu... sou feliz. Bem vê, como não o havia de ser? Conhece-me, sabe perfeitamente que eu sou sempre feliz, desde que tenha a quem me dedicar e por quem me sacrificar” (Florbela Espanca)



                Florbela Espanca (1894-1930) veio ao mundo numa das datas mais importantes do calendário português, 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, padroeira de Portugal. A poeta que nasceu em Vila Viçosa, região do Alentejo, terra de Mariana Alcoforado e suas cartas de amor, é considerada, hoje, a voz lírica feminina portuguesa mais importante do século XX.

                Fruto de uma relação extraconjugal, Florbela e seu irmão, Apeles, foram gerados por Antônia da Conceição Lobo, moça humilde que trabalhava em casa de família. Como não podia ter filhos, Mariana do Carmo Inglesa consentiu na relação entre Antônia e João Maria Espanca, posteriormente, criou os irmãos e foi madrinha de Florbela.

                Precoce, aos nove anos de idade, Florbela escreveu seu primeiro poema, intitulado A vida e morte: “O que é a vida e a morte/ Aquela infernal inimiga/ A vida é o sorriso/ E a morte da vida a guarida”. Foi aos vinte e dois anos, em 1916, que a poeta começou a carreira como escritora, a partir da estruturação do manuscrito Trocando Olhares (1915- 1917). Em vida, Florbela Espanca publicou dois livros de sonetos: Livro de Mágoas (1919) e Livro de Sóror Saudade (1923), póstumos vieram a lúmen: Charneca em Flor (1930), Reliquiae (1931) e Juvenília (recolha de poemas juvenis, muitos deles parte do manuscrito Trocando Olhares). Florbela Espanca também possui uma obra ficcional em prosa que compreende os livros de contos intitulados O Dominó Preto (1982) e As Máscaras do Destino (1931).

                A morte, com a sua tentação plena, o suicídio, consagrou a tragédia florbeliana, assim como consagrou as de Inês de Castro, de Julieta, de Isolda, de Sylvia Plath, de Grace Kely, e de tantas outras mulheres que, repentinamente, desapareceram deixando uma aura de mistério no ar: “Deixai entrar a Morte, a Iluminada”, escreveu Florbela no soneto Deixai entrar a morte. O suicídio, ritualisticamente realizado no dia em que completaria 36 anos de idade, não passou despercebido (família católica, interdição da palavra ‘suicídio’ na imprensa, receio de falatório), e Florbela, que em vida conheceu o silêncio da mídia, tornou-se, depois de morta, um fenômeno literário. Esse fato desviou o olhar para da sua obra e muitos escritores passaram a estudar a sua vida e o seu comportamento, fato que está sendo superado. Novos olhares têm sido lançados, não apenas sobre a poesia, mas também, sobre os contos e epistolografia de Florbela Espanca.  

                Extemporânea, Florbela carregou o estigma de ser mulher numa sociedade patriarcal e falocêntrica. A poeta tinha consciência do seu desenquadramento e em uma carta dirigida a amiga Júlia Alves relatou: “Eu não sou em muitas coisas nada mulher; pouco de feminino tenho em quase todas as distrações de minha vida. Todas as ninharias pueris em que as mulheres se comprazem, toda a fina gentileza duns trabalhos em seda e oiro, as rendas, os bordados, a pintura, tudo isso que eu admiro e adoro em todas as mãos de mulher, não se dão bem nas minhas apenas talhadas para folhear livros que são, verdadeiramente, os meus mais queridos amigos e os meus inseparáveis companheiros. [...] Que desconsolo ser assim, minha Júlia!”.

                Florbela Espanca imaginou, por meio de sua poesia, variadas subjetividades em diálogo, e por meio dos seus escritos, ela trabalhou variados aspectos do universo feminino. A poética florbeliana abarca aspectos como o amor, a dor, a desilusão por buscar e não encontrar o amado, a tristeza e o destino que arrasta os seres independente de sua vontade. O eu lírico, sedento de infinito, se metamorfoseia e joga com as formas do mundo, convidando o leitor à experimentação das emoções. Com uma sedução própria da alteridade a obra de Florbela traz em si o germe do encontro com o outro: “Procurei-O no seio de toda gente./ Procurei-O em horas silenciosas!/ [...] E nunca O encontrei!... Prince Charmant”.

                Conhecida como a “poetisa da melancolia e da saudade”, Florbela Espanca é uma persona dramatis que ainda não teve todas as máscaras reveladas. Recentemente a editora portuguesa Quasi, de Matosinhos, publicou a correspondência amorosa de Florbela Espanca, cuja organização, fixação de textos e notas foram assinados pela pesquisadora Maria Lúcia Dal Farra. A obra Florbela Espanca Perdidamente reúne uma série de correspondências trocadas entre a poeta e o seu amante que, posteriormente, tornou-se o segundo marido, Antônio Guimarães. Essa epistolografia de Florbela Espanca, escrita entre os anos de 1920 e 1925, lança luz sobre uma zona até então obscura da vida da poeta, revela uma “Florbela inaugural”, “em estado de amante”, que escreve a partir de uma zona silenciosa e solitária onde tudo é “sigiloso e dito em sussurro”, como afirmou Dal Farra.

                Florbela estava separada do primeiro marido, Alberto Moutinho, porém, ainda oficialmente casada com ele, e acabara de publicar o seu primeiro livro, o Livros de Mágoas, quando, num baile de carnaval, em Lisboa, conheceu Antônio Guimarães. Os seus olhos de pantera pousaram sobre o jovem bem apessoado, magro, de cabeleira lisa e loira, que trajava uma farda cor de avelã: “Olhos do meu amor! Infantes loiros/ Que trazem os meus presos, endoidados!”, cantaria a poeta no soneto Teus olhos, da obra Charneca em Flor.

                Florbela estava com 25 anos e atravessava por uma fase difícil, experimentava a sensação de desamparo por estar afastada da família, e se considerava uma “desterrada”. A personalidade singular da poeta, bem como, o fato de ela ser estudante de Direito na Universidade de Lisboa, destacava-a dentre as outras mulheres. Exposição pública que se agravou com a sua estréia no mundo das letras, e deu margem a variados comentários maliciosos. Segundo Ana de Castro Osório, o atributo de “literata” era “o mais desagradável que podia ser dito de uma senhora, que era vista com um livro na mão”. O fantasma da infâmia assombrou a relação entre Florbela e Antônio e foi um dos motivos da separação do casal.

                O romance entre Florbela Espanca e Antônio Guimarães, que era alferes da Guarda Nacional Republicana, sofreu com as intempéries políticas. O Portugal Republicano do inicio do século XX com seus atentados, assassinatos na “Noite Sangrenta” e crises de autoridade, exigiam a presença constante dos seus Guardas Nacionais, dentre os quais estava Antônio, esse fato agravou, além do sentimento de solidão e impotência, a saúde de Florbela.

                Embora Florbela ainda estivesse oficialmente casada, ela se considerava a “noiva” de Antônio, que lhe acenava com promessas de amor e de um lar, “um ninho”, onde seriam felizes. O amor vivido sob signo da clandestinidade e da ilegalidade levou os amantes a buscar estratégias para ficar juntos. Florbela só podia se encontrar com Antônio na companhia de seu irmão, Apeles, que sempre a defendeu das más línguas, e por quem a poeta nutria um amor quase maternal. Porém, ocupado, ou não querendo se comprometer, o jovem não mais acompanhou o casal que, desesperado, passou a pegar junto o transporte público. A bordo do elétrico, porém sempre sobressaltados com a possibilidade de encontrar alguém conhecido, trocavam olhares e pequenas frases. Acerca desses episódios Florbela escreveu: “Então, Vossa Mercê digna-se mostrar satisfeito do passeio à conchinchina? Eu estou fartíssima, e nem as extravagantes viagens de Júlio Verne, nem mesmo a da lua ou a das cinco semanas em balão, me poriam mais estafada e me dariam mais vontade de criar raízes num qualquer sítio”.

                Noutros momentos Florbela ficava a janela de sua casa e Guimarães ao longe, ficavam se olhando e se desejando, porém, logo as más línguas fizeram com que Florbela escrevesse para Antônio um bilhete dizendo: “Quando por aqui passares não pares nunca. Depois te direi porquê. Passa a pé ou a cavalo, de trem, de automóvel ou de aeroplano mas vê-me de longe sempre”. Vivendo em casa alheia, Florbela ansiava legalizar a sua situação com Antônio para que pudessem viver felizes, em uma casa só deles, ela ansiava um lar. Esse desejo pode ser observado expresso no poema A nossa casa:





A nossa casa, Amor, a nossa casa!

Onde está ela, amor, que não a vejo?

Na minha doida fantasia em brasa

Constrói-a, num instante, o meu desejo!



Onde está ela, Amor, a nossa casa,

O bem que nesse mundo mais invejo?

O brando ninho aonde o nosso beijo

Será mais puro e doce que uma asa?



Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,

Andamos de mãos dadas nos caminhos

Duma terra de rosas, num jardim,



Num país de ilusão que nunca vi...

E que eu moro − tão bom! − dentro de ti

E tu, ó meu Amor, dentro de mim...



                Variadas cartas revelam a importância de ter uma casa para Florbela: “Não sei o que esperas para alugar casas, dizes que a questão é eu ir, pois eu digo que a questão é ter lá um buraco por modesto que seja. Palácio ou tenda na praia, o que eu preciso é casa minha”, noutra carta a poeta diz: “Muito depressa arranja a nossa casinha seja como for. Na Foz ou no Porto ou em casa do Diabo”.

                Em abril de 1920, o casal passou cerca de dezesseis dias em uma “lua-de-mel clandestina”, que logo foi interrompida com a convocação de Antônio para o quartel de Lisboa. Sozinha novamente a poeta passou a abordar uma toalha de mesa: “Acabei agora o meu eterno bordado, acabei por hoje.... Dá-me já a ideia da célebre Penélope, feita de dia, desfeita de noite, enquanto o bem amado, ao longe, vagueava pelo mundo afora. A célebre toalha estafa-me, e bem grande será o prazer de ver o meu desastrado homem amarrotá-la e enchê-la de chá ou cinza de cigarro”. Este período foi de grande ansiedade para Florbela, porém, as cartas mostram, também, uma Florbela irônica e possuidora de um aguçado senso de humor, como afirmou a poeta, “felizmente, todas as tragédias têm o seu lado cômico”.

                Florbela e Antônio casaram-se no dia 29 de junho de 1921 e seus padrinhos foram Apeles e Buja, que foi amiga de Florbela durante toda a vida, e que após a morte da poeta lutou pela reabilitação do seu nome. Florbela economizava o dinheiro ganho com a venda das galinhas que criava para comprar um colar de pérolas, porém, pediu-o a Antônio como presente de casamento. Possivelmente, seja este o colar que vemos sendo exibido pela poeta nas suas fotos mais conhecidas e que tanto admiramos.

                Florbela e Antônio viveram uma relação de grande cumplicidade sexual: “os nossos mimos, a nossa intimidade, as carícias são só nossas; no nosso amor não há cansaços, meu pequenino adorado! Como o meu desequilibrado coração de artista se prendeu a ti”. Nas noites solitárias, calvário que a poeta subia “devagarinho”, e em dores, nos chegam os relatos da falta que o amado lhe fazia: “Uma grande noite sem ti! Quantas horas terá ela, a noite que vem, a noite que desce sobre a terra e dentro de mim? Tenho saudade das carícias dos teus braços carinhosos que me apertam e que me embalam nas horas alegres, nas horas tristes. Tenho saudades dos teus beijos, dos nossos grandes beijos que me entontecem e me dão vontade de chorar. Tenho saudades das tuas mãos, tão más as vezes, como ontem à noite... Tenho saudades da seda amarela tão leve, tão suave, como se o sol andasse sobre o teu cabelo, a polvilhá-lo de oiro. Minha linda seda loira, como eu tenho vontade de te enfiar entre os meus dedos. Tu tens me feito feliz, como eu nunca tivera esperança de o ser”. Em carta datada de 14 de janeiro de 1921, a poeta se despede do amado desejando “muitas festas ao pirilau”; já noutra, a poeta chega a perguntar ao amante se o seu “pirilau” não estaria “cheio de saudades”, e que viesse logo, pois, haveria “muito licor” a esperá-lo.

                O casamento trouxe para o casal, além da realização sexual, a rotina e uma fase de grandes dificuldades financeiras. Sempre em busca de autonomia, Florbela criava galinhas e coelhos. Eis outra faceta da poeta que, no seu Diário de ultimo ano afirmou: “o olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano”. Amorosa, Florbela cuidava da criação com desvelo, especialmente dos “pintainhos” e, em meio aos versos rascunhados, ou em uma caderneta, anotava a quantidade de ovos postos e quantos estariam por chocar. Numa carta a poeta mostrou-se muito “escamada” com a morte de sua galinha que “tão boa era”.

                Afastada de Antônio, que servia à pátria, volta a comparecer nas cartas de Florbela a nostalgia do lar, do paraíso perdido “O lembra-me de ti, da nossa casinha, da nossa tão doce intimidade, é como se um lindo raio de sol me iluminasse toda. Pensar que em alguns dias vou encontrar o meu paraíso perdido é o bastante para me fazer sorrir”. Em carta datada de 19 de janeiro de 1920 a poeta chama a atenção de Antônio: “Toma cuidado, meu amor, lembra-te que a tua pátria e que a tua república sou eu, é a tua Bela!”.

                Apenas seis meses após o casamento, Florbela já pensava em se separar de Antônio. A ascensão profissional do marido foi o inicio do fim do relacionamento entre ambos. No inicio de 1923, o manuscrito que Florbela intitulara Claustro das quimeras se transformou no segundo livro publicado pela poeta, o Livro de Sóror Saudade. Quando esta obra veio a público, Florbela estava mudada. Quando conheceu Antônio ela dedicou a ele um exemplar do Livro de Mágoas com a inscrição:



Ofereço-te o meu livro, que é a minh’alma de outrora: cheia de mágoas − ela anda hoje cheia de quimeras, do sonho com que a encheste, com as ilusões com que a deslumbraste... Ela é outra, agora! Vai toda nesta página... e nem se lembra sequer que foi, um dia, aquela que sonhou, em horas de tortura, o pobre e triste Livro de Mágoas...”

Florbela Espanca

Ano de 1920

               

O projeto poético Claustro da quimeras, guardou a apaixonada dedicatóriaA Antônio Guimarães”:

Àquele que é na vida toda a minha vida, àquele que é na amargurada noite da minh’alma, a deslumbradora luz que tudo ilumina e aquece, ao meu único amor de verdade, maior que todos os amores de quimera e ilusão que tão cedo passaram...”.

Bela



Porém, este projeto poético, materializado no Livro de Sóror Saudade, trouxe uma dedicatória diferente, em tom comedido, e que já não revelava paixão, mas amizade por Antônio. “Ao Tónho” ela escreveu:



O primeiro exemplar de o Livro de Sóror Saudade pertencia-te. Ofereço-to pois com muito afeto e muito reconhecimento por tudo que te devo de bom e feliz na minha vida.

Tua amiga, muito amiga.

Bela



A dedicatória da nova obra já não exaltava o amor por Antônio, mas revelava agradecimento e amizade por parte de Florbela. A poeta escreveu que se um dia alguém se julgasse com direito a perguntar a Antônio o que ele fez por ela, que ele respondesse que fez dela “uma mulher” e da sua vida “um sonho”. Como Florbela própria disse Antônio Guimarães “conseguiu domar a insubmissa Miss América, e transformá-la numa burguesinha pacata”. Enquanto esteve apaixonada por Antônio Guimarães Florbela produziu muitos e belos versos, como os sonetos Anoitecer, Da minha janela, que diz: “Amor! Teu coração trago-o no peito.../ Pulsa dentro de mim como esse mar/ Num beijo eterno, assim, nunca desfeito”. O poema A vida que, posteriormente, Florbela intitulou Inconstância: “Amar-te a vida inteira eu não podia/ A gente esquece sempre o bem dum dia/ Que queres, ó meu amor, se é isto a vida!”, e o soneto O nosso mundo, que transcrevo na íntegra, e que a poeta dedicou ao seu “homem querido”:

Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno!
Poisando em ti o meu olhar eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos…


Os meus sonhos agora são mais vagos…
O teu olhar em mim, hoje, é mais terno…
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e pressagos!


A vida, meu Amor, quer vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas, hemos de bebê-la!


Que importa o mundo e as ilusões defuntas?…
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?…
O mundo, Amor?… As nossas bocas juntas!…             (Lisboa, 2-6- 1920)



                Em 1921, residindo com Antônio no quartel da Foz, há um silêncio entre os amantes, já não se comunicam mais como antes, há um silêncio com relação à gravidez e ao filho que Florbela perdeu por conta de um aborto hemorrágico. Nessa época, janeiro de 1921, na casa de seu pai, Florbela compôs o poema Caravelas: “Eu sempre fui assim este Mar Morto:/ Mar sem marés, sem vagas e sem porto/ onde velas de sonhos se rasgaram!”.

                De volta a Lisboa, como quem cumpre uma sina, Florbela está em casa emprestada. A relação com Antônio se deteriora a cada dia e, em 1924, a poeta compõe para Antônio um soneto que será conhecido apenas em 1931, na obra Charneca em Flor, ele intitula-se Supremo enleio e diz:

Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vinda foi três vezes santa!


Erva do chão que a mão de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta…
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!...


Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!


E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás de encontrar ainda!      (8-2-1924)


Em abril de 1924, dois meses após Florbela ter escrito este soneto, outra ironia do destino, Antônio iniciou um processo de divórcio litigioso contra ela, alegando “abandono de lar”.  Antônio que fora “Tonho, Toninho, Urso pardo, preto”, converteu-se, nas palavras da própria poeta, em “bicho mau”. Adoentada, possivelmente por outro aborto involuntário, no dia 3 de dezembro de 1923, Florbela escreve a derradeira carta para Antônio e nela se despede assinando: “Saudades de tua mulher”. Ainda nesse mês, Florbela escreverá ao seu irmão dizendo: “[...] eu estava a me transformar na mais vulgar das mulheres, e por orgulho, e mais ainda por dignidade, olhei para frente, sem covardias e nem fraquezas, o que aquele homem estava a fazer da minha vida, e resolvi liquidar tudo simplesmente, sem um remorso, sem mais pequenas mágoas. Estou a divorciar-me para me casar novamente”.

                O soneto Supremo enleio mostrou-se profético, pois, quando Antônio Guimarães morreu, em 1981, deixou para a posteridade um rico acervo de recortes de jornal com tudo o que havia sido publicado sobre Florbela Espanca, com noticias de antes e de após o seu falecimento. No famoso baú de Fernando Pessoa foi encontrado um poema que hoje está depositado no espólio do poeta (ESP. E3/ 66ª-39) na Biblioteca Nacional de Lisboa. O poema intitulado À memória de Florbela Espanca diz:



Dorme, dorme, alma sonhadora,

Irmã gêmea da minha!

Tua alma, assim como a minha,

Rasgando as nuvens pairava

Por cima dos astros,

À procura de mundos novos,

Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.



Criatura estranha, espírito irrequieto,

Cheio de ansiedade,

Assim como eu criavas mundos novos,

Lindos como os teus sonhos,

E vivias neles, vivias sonhando como eu.

Dorme, dorme, alma sonhadora,

Irmã gêmea da minha!

Já que em vida não tinhas descanso,

Se existe a paz na sepultura:

A paz seja contigo.





Renata Bomfim

Poeta e pesquisadora UFES/ FAPES/CNPq

(www.letraefel.com)

Como escrevem os artistas?


COMO ESCREVEM OS ARTISTAS?




É comum se pensar, do ponto de vista literário, que os escritores pintam com palavras, imitando os artistas plásticos em sua capacidade de explorar a visualidade do mundo. Tal propósito ganhou relevo em vários momentos da história da literatura, sobretudo, quando os literatos se inspiraram nos pintores para propor novidades estéticas: Flaubert a acompanhar Gustave Courbet em sua demolição do Romantismo expresso em O enterro em Ornans; Edmond e Jules Goncourt a transpor para a narrativa as técnicas impressionistas inauguradas por Claude Monet, ou Guillaume Appolinaire a seguir Picasso em sua “cubificação” da realidade em Les demoiselles d’Avignon, ou ainda – como observa Márcia Arbex –, Max Ernst a experimentar colagens dadá em poemas e arte surrealistas.

Mas e o que escrevem os artistas quando tocados pela ideia e pela musicalidade verbal alcançada pela métrica, rima, estrofe e ritmo, libérrimos ou não, dos poemas? Se um substantivo, nas mãos de um escritor, contornaria numa frase o rosto e a luminosidade de uma figura de Rafael; se um advérbio arremataria a posição das mãos de uma personagem de Paula Rego, como delimitariam os artistas a abstração melancólica ou o vago filosófico ou a imaterialidade de uma afeição, ainda que vazados em paisagens – nos correlatos objetivos (uma paisagem exterior a significar um estado psíquico) de que trata T. S. Elliot –, que sugerem as palavras imersas em poesia? Que cor, enquadramento ou textura eles usariam para invocar adjetivos e predicados em seus registros?

Essas são algumas das indagações que emergem da superfície dos desenhos, da fotografia, dos objetos e das pinturas inspirados na Literatura Portuguesa, e reunidos em Faluas do Tejo, exposição organizada por Attilio Colnago para Ana Terra Galeria de Arte, que tem como norte homenagear o ano de Portugal no Brasil.

Uma infinidade de opções rondaria, certamente, a escolha de temas, autores e modalidades de textos para a realização da proposta. Colnago, desenhador de poemas, selecionou para a mostra não os artistas plásticos, mas dois poetas portugueses, nascidos no mesmo período, mas com projeção e relevo diferentes: Florbela Espanca e Fernando Pessoa. Díspares em sua concepção e estilo de poesia, talvez representem, de certo modo, duas das mais destacadas linhas de produção poética lusitana: poesia do “comboio de cordas / que se chama coração” e poesia do pensado fingir completamente.

O primeiro efeito que poderia nos ocorrer, descortinado o horizonte de expectativas que tal propósito enseja é o da ilustração de textos poéticos. Não seria exato pensar, no entanto, em ilustrações, sob o risco de se esbarrar em reducionismo ou ingenuidade de leitura. Desde pelo menos os anos medievais – quando fulguram as iluminuras de toda espécie –, a ilustração é, como propõe o consenso dos dicionários, uma tentativa de explicar, sintetizar ou mesmo de decorar a edição de um texto. São inúmeros os exemplos de gravuras, fotografias, desenhos e pinturas a acompanharem as publicações em geral e, em particular, as literárias. Como visualizar os trovadores sem os desenhos informativos dos cancioneiros românicos ou góticos? Como ler Dom Quixote sem virem à lembrança as linhas precisas e sintetizadoras de Gustave Doré?

Contudo, não é ilustração o que a mostra realiza. Não se ilustram ali os versos de Espanca, a poeta dos veios passionais e pantanosos, em que pese serem floridos; nem os versos de Fernando, o poeta de vários óculos e nomes, em que pese serem paisagísticos, mesmo aqueles onde só a memória, por um fio, parece respirar. Não o são, exceto se nos lembrarmos de que uma das acepções do termo ilustração é o de interpretar, como ocorre nas aquarelas de Mário Brotas para os romances de Almeida Faria ou nos desenhos de Regina Chulam para os poemas de Maria Teresa Horta. São, especiais, leituras.

Serão verbos os gestos de cor? Serão apostos as linhas que delimitam o corpo dos objetos? Serão adjetivos as sombras a realçarem o alcance do olhar? A composição do texto pictórico ou artístico, sua imaginicidade ou iconicidade, talvez dispense esse amálgama de metáforas a tentarem aproximar a linguagem da poesia e da pintura, velhas irmãs na clássica tradição de Simônides de Ceos: “a pintura é poesia muda, e a poesia, pintura que fala”.

Bastaria pensar que a textualidade da arte – sabe-se, todo texto implica signos para além dos verbais, na grata lição de Roland Barthes –, estaria, em sua relação com a literatura e suas figuras de linguagem, na busca da descrição, da metáfora, da antítese, da caricatura e tantos outros recursos retóricos que, a despeito de terem sido originalmente pensados para o texto verbal, servem perfeitamente à arte e sua composição.

Sendo assim, isto é, sendo a arte texto, cada um dos quadros e objetos expostos em Faluas do Tejo, com o propósito de se deixar conduzir pelos poemas da Sóror Saudade e do heteronímico Pessoa, poderia ser lido como resultado da intertextualidade, na medida em que sua produção ocorre sob a condição de ser um texto em que se imiscui e se transforma um outro, mesmo sendo de outra índole sígnica. Os versos dos poetas deságuam, por assim dizer, nos traços dos artistas com o intuito de serem, os poemas, eles mesmos e, concomitantemente, outros, já que lidos e atualizados pela leitura plástica que deles é feita.



Ao procederem dessa maneira, os artistas da mostra parecem realizar, além da intertextualidade, o inverso do ecfraseamento que os poetas vêm fazendo ao longo dos anos em relação às artes.

O termo de origem grega, écfrase (ekphrasis), significa etimologicamente evidência, descrição. Assim, descrever minuciosamente uma pessoa ou um objeto implica realizar ecfrasicamente um texto verbal. Na Retórica, confundida com a descriptio, a écfrase funciona como figura de linguagem a tornar visível em verso e parágrafos os elementos ficcionais que envolvem personagens, paisagens e acontecimentos. Ampliando-se o sentido, a écfrase seria o recurso por meio do qual o escritor “pintaria” um objeto, real ou fictício, imitando o poder descritivo e evidenciador próprio da pintura, o visual.

Lino Machado, em As palavras e as cores: Guernica (e mais) na caligrafia de Carlos de Oliveira, sintetiza o conceito, afirmando que,



De saída, existem, pois, duas acepções para o conceito de ecfrase: uma, de caráter generalizante, abarcadora de quaisquer escritos descritivos, pormenorizantes, e outra, de feição mais restrita, limitada aos trabalhos que busquem traduzir, em termos verbais, o que foi já elaborado pelas artes cujo impacto nos receptores se dê principalmente por meio do sentido da visão (1999, p. 313). 



Alarga o autor essa ideia tradicional com a reflexão de Vítor Manuel de Aguiar e Silva sobre o termo: “como modalidade de ecfrase, além do labor da descrição, também [se considera] o ‘trabalho de recriação, comentário e exaltação da obra de arte (escultura, pintura, etc.)’” (1999, p. 315). Decerto, como se trata de um recurso de linguagem verbal, a écfrase estaria exclusivamente vinculada ao texto, no sentido estrito do termo, antes de Roland Barthes ampliá-lo. Para as artes plásticas, portanto – e salvo melhor informação –, inexistiria a écfrase.

Contudo, com o refinamento da teoria da literatura e da arte, tanto o conceito de écfrase como o de ilustração pode ser transmutado, adquirindo dimensões mais complexas, e aproximando e adaptando técnicas e procedimentos tradicionais de uma área (pintura) para outra (literatura), o que vem sendo ensaiado pelos críticos desde, por exemplo, as reflexões sobre Barroco e Maneirismo na literatura a partir dos princípios aplicados nas artes, não obstante essa transferência, no pensar de Aguiar e Silva, revelar-se “problemática, pois as condições ontológicas das artes plásticas, artes do espaço, e da literatura, arte do tempo, divergem profundamente” (2007, p. 449). Entretanto, é sedutora, e muitas vezes adequada, a aplicação na literatura das cinco categorias antitéticas de que se vale Heinrich Wölfflin para diferenciar a arte renascentista da barroca. Para além disso, os estudos interartes têm desenvolvido instigantes investigações sobre a relação entre as artes, de que é exemplo recente o artigo de Melânia de Aguiar e Suely Lobo, “Ler um poema: poesia e pintura em Carlito Azevedo” (2007), sobre a presença de Paul Cézanne em seu poema “Banhista”.

Seja como for, o escritor tradicionalmente pinta em prosa e poema o que os artistas plásticos realizam, como o romancista português contemporâneo, Almeida Faria, ao descrever a pintura de Cristóvão de Morais, O retrato de Dom Sebastião, de 1571, no romance O conquistador, de 1990: 



A armadura verde-escura com decorativos frisos de ouro-velho; a gola alta de onde saem as rendas da golilha subindo pelo pescoço até ao queixo; a mão esquerda pegando no cabo, decorado de pedras preciosas, da espada que se esconde atrás das pernas; o punhal à cintura; a mão direita exibindo os anéis do indicador e no dedo mínimo, delgado como o de um menino; o focinho do canzarrão farejando submissamente o dono e simbolizando a mansidão dos súbditos [...] (FARIA, 1990, p. 107).



A descrição exata do quadro coloca o leitor diante do retrato do jovem rei louro e de seu significado. A écfrase aparece no romance e o efeito é de uma pintura, não mais apenas a do português quinhentista Morais, mas a de Almeida Faria. Seria longa a explicação sobre o aspecto teórico concernente à relação entre écfrase e tradução intersemiótica, levantada por Claus Clüver, e aprofundada por Lino Machado. Para já, interessa-me, neste comentário, o efeito retórico e intertextual daquele recurso na mostra da Ana Terra. De todo modo, vale registrar que Clüver considera écfrase e transposição intersemiótica como sinônimos, diferindo-as assim da tradução intersemiótica:



Pode-se considerar todas as formas de ekphrasis como transposições semióticas, ao passo que o conceito de “tradução intersemiótica” soa melhor se restringido a textos (em qualquer sistema sígnico) que, em primeiro lugar, oferecem uma reapresentação relativamente ampla (mesmo que jamais completa) do texto fonte composto num sistema sígnico diferente, numa forma apropriada, transmitindo certo sentido de estilo e técnica e incluindo equivalentes de figuras retóricas; e, em segundo lugar, que acrescentem relativamente poucos elementos, sem paralelo no texto-fonte. Ler tais textos como traduções significa que serão lidas dentro de um estudo dos problemas da tradução [...] (CLÜVER, 1997, p. 42).



Feita a ressalva teórica, e apropriando-me da noção de transposição intersemiótica, volto aos trabalhos de Faluas do Tejo. Se é lícito considerar que o escritor pinta com palavras, não pode sê-lo menos que um artista escreve com plasticidade. Eis, portanto, a natureza da escritura dos artistas da mostra: uma écfrase invertida, em que os poemas são “evidenciados” e “descritos” por meio de composições de cor e volume, textura e gestualidade, colagem e gravação. Atrelados inevitavelmente ao visual, os artistas transpõem, intersemioticamente, o ritmo e a imagem dos poemas de Espanca e Pessoa, agora tornados “objetos” de écfrase, para seus trabalhos plásticos.

Desse modo, em certo sentido, não ilustram os artistas porque seu propósito não é explicar ou informar o que vai obliquamente nos poemas. Pretendem criar o que os textos sugerem à sua leitura, apoderando-se deles, para libertarem-se na possibilidade de lê-los e reescrevê-los – e, então, ilustram por interpretação – por meio de seus signos de linhas, cores e enquadramentos.

Sabe-se que o sentido de descrever, para além do de “expor, contar minuciosamente, seguir percorrendo” (CUNHA, 1994, p. 252), abarca o de traçar, desenhar, riscar graficamente. Sendo a écfrase uma descrição, esse recurso poderia ser usado, sim, pelos escritores, mas também pelos artistas, quando almejam tratar do que percebem visualmente no texto verbal.

Ancorados num mesmo procedimento de citação e atualização, seja verbal, seja pictórico, o intertexto e a écfrase fundamentam o que expõem os artistas de Faluas do Tejo. Descrevem o que os poemas de Florbela e Fernando insinuam em sua operação de pensamentos e sensações tornados versos.

Em vão, portanto, Florbela escreveu “Rasga esses versos que eu te fiz, amor! / Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento”. Os artistas reunidos por Attilio Colnago e Ana Coeli empreendem a leitura de diversos poemas seus e de Fernando Pessoa, retirando-os do silêncio: faluas de ritmos a conduzirem as linhas e as cores dos trabalhos plásticos, no Tejo dos portugueses, no fluir dos brasileiros.



Referências:



AGUIAR, Melânia Silva de; LOBO, Suely Maria de Paula e Silva. Ler um poema: poesia e pintura em Carlito Azevedo. In: MARI, Hugo et al. (Org.). Ensaios sobre leitura. Belo Horizonte: PUC-Minas, 2007. p. 169-182. Disponível em: http://www.ich.pucminas.br/posletras/Producao%20docente/Melania/Carlito%20Azevedo%20texto%20leitura%20-%20Suely%20-%20Melania.pdf. Acesso em: 2 mar. 2012.

ARBEX, Márcia. Intertextualidade e intericonicidade. In: OLIVEIRA, L. C. V. de; ARBEX, M. (Org.). I Colóquio de Semiótica da UFMG, Belo Horizonte, 2000. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/napg/LIVROCOLOQSEM7.doc>. Acesso em: 02 fev. 2012.

CLÜVER, Claus. Estudos interartes: conceitos, termos, objetivos. Literatura e sociedade: Revista de Teoria Literária e Literatura Comparada, São Paulo, n. 2, p. 37-55, 1997.

CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. 2. ed. rev. e acresc. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.

FARIA, Almeida. O conquistador. Lisboa: Caminho, 1990.

MACHADO, Lino. As palavras e as coisas: Guernica (e mais) na caligrafia de Carlos de Oliveira. Vitória: Edufes, 1999.

SILVA, Vítor M. de Aguiar e. Teoria da literatura. 8. ed. Coimbra: Almedina, 2007. Maneirismo e Barroco: p. 437-502.


Paulo Roberto Sodré

Professor do Departamento de Línguas e Letras/ CCHN/ UFES

Programação



Dia 27 de março - Vernissage
Período da exposição 28 de março a 28 de abril 2012


CONVERSAS LITERÁRIAS:

Dia 03 de abril. 19:00 horas
"O mundo, amor?..., As nossas bocas juntas!...": Epistolografia de Florbela Espanca.
- Renata Bomfim - poeta. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Letras/UFES


Dia 17 de abril. 19:00 horas
Do que desenham os poetas. - Paulo Roberto Sodré. Poeta. Professor Dr. do Departamento de Línguas e Letras/UFES.